São Jacinto (11/9), pregador no leste europeu

Santo do Dia, 16 de agosto de 1966

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

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São Jacinto foge de Kiev em chamas salvando a Sagrada Eucaristia e a imagem de Nossa Senhora que lhe pedia não fosse abandonada aos bárbaros. Quadro de Leandro Bassano (1557-1622), igreja de São João e São Paulo, Veneza

Sobre ele, se lê em Dom Guéranger, L’Année Liturgique:

“São Jacinto pertencia à Ordem dos Irmãos Pregadores [também conhecidos como Dominicanos, por terem sido fundados por São Domingos de Gusmão, n.d.c.] e, em 1228, habitava um convento da Cracóvia. Pregou uma Cruzada contra os prussianos idólatras, e morreu em 15 de agosto de 1257. Foi ele um dos elementos do grande apostolado dos dominicanos no leste europeu, no século XIII, quando trabalharam na Rússia, Prússia, Lituânia e Bálcãs. Mas a invasão dos tártaros, em 1241 e 1243, destruiu numerosos conventos que haviam sido fundados e multiplicou os mártires. São Jacinto é considerado como o apóstolo dessa Ordem, na Polônia; e seu túmulo é lugar de uma peregrinação célebre.

“No início da vida apostólica de Jacinto, numa vigília da Assunção, Nossa Senhora apareceu-lhe dizendo: “Tenha muita coragem e seja alegre, meu filho Jacinto. Tudo o que pedirdes em meu nome será concedido”. O bem-aventurado, desde então, colocou, na Mãe de Deus, uma confiança sobre-humana. De Nossa Senhora guardou, sobretudo, o perfume da virgindade, que embalsamou toda sua vida e o esplendor de sobrenatural beleza, que dele fez a imagem do pai São Domingos.

“Sua existência é entremeada pela intercessão miraculosa de Maria. Kiev, cidade santa da Rússia, resistiu, cinco anos, ao zelo apostólico do santo; os tártaros passam sobre ela como a justiça do Todo Poderoso. Tudo é saqueado na cidade indócil.”

É preciso esclarecer que Kiev era, então, uma cidade cismática. De maneira que São Jacinto tentou convertê-la à religião católica e, porque ela resistiu, ela foi então massacrada pelos tártaros.

“Jacinto acabava de celebrar a missa, quando pressentiu que iam saquear a igreja. Revestido dos paramentos sagrados, tomou, numa das mãos o Santíssimo Sacramento e, na outra, uma imagem de Nossa Senhora que lhe pedia não A deixasse cair em mãos de bárbaros. São e salvo com seus irmãos, ele atravessou as hordas pagãs embriagadas pela carnificina e as ruas em chamas, o próprio rio Dnieper, cujas águas firmam sob seus pés. Chegando em Cracóvia, depositou, no convento da Santíssima Trindade, seu precioso fardo. Leve como um caniço, enquanto ele transportava, a imagem de Nossa Senhora retoma seu peso natural; bem considerável para que um só homem a pudesse carregar.”

Não sei se, na rapidez com que eu li, os senhores puderam acompanhar bem o acontecimento histórico maravilhoso. Ele estava na cidade infiel, que resistia à graça. E teve notícia de que os tártaros iam invadir a cidade. Acabava de celebrar a missa, quando pressentiu que vinha um ataque dos bárbaros, à igreja. Quer dizer, estavam no centro da cidade e iam atacar a igreja onde ele estava.

Nesse momento então, revestido dos paramentes sagrados, porque acabava de celebrar a missa, ele tomou o Santíssimo Sacramento numa das mãos; para não cair em mãos dos bárbaros. E na outra tomou uma imagem de Nossa Senhora que lhe falava, porque a ficha biográfica diz que Ela pedia que não A deixasse cair em mãos de bárbaros.

Aí, realizou-se a maravilha: ele e seus irmãos passam, em cortejo, através dos bárbaros que se manifestam incapazes de fazer qualquer coisa; atravessam a cidade toda em chamas e chegam até o rio Dnieper, que é um rio bem caudaloso, bem grande. E as águas do rio tornam-se sólidas debaixo de seus pés deles. Ele e os irmãos atravessam as águas do rio e chegam, afinal, em Cracóvia. A imagem, levíssima durante o trajeto, retoma então seu peso natural, que ficava muito pesada para um homem carregar.

Isto é bem um exemplo para os justos, no momento dos acontecimentos previstos por Nossa Senhora em Fátima, face ao mundo infiel, que recusou a pregação.  Para os que estiverem com o Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora, nem as chamas queimarão, nem os bárbaros matarão, as próprias águas dos rios se solidificarão, e aqueles que deverão ser as sementes de Reino de Maria chegarão incólumes do outro lado.

Podemos imaginar a beleza da cena da alma de São Jacinto chegando ao Céu, precedida por um coro de virgens, porque era um homem virgem, seguida de um coro de anjos, porque era um homem angélico, filho do Doutor Angélico que era São Domingos. E o cântico da glória dele, entoado por Nossa Senhora, em pessoa. Os senhores podem imaginar o que isso significa… E, com isso, vão todos para o Céu.

Aqui está o que nos aguarda se São Jacinto rezar por nós com todos os nossos santos e anjos padroeiros, e se formos fiéis à fé católica. Haverá um momento em que cada um de nós vai entoar esse “veni”: “Vem do Líbano, ó minha esposa. Vem ó alma que eu amo, para penetrar na posse daquele que disse: Eu serei eu mesmo a vossa recompensa demasiadamente grande.”

Aí está a reflexão para a noite de hoje.

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