Plinio Corrêa de Oliveira

 

A glória da luta por Nossa Senhora e pela Civilização Cristã

Nunca tão poucos lutaram e alcançaram tanta coisa!

 

 

 

 

 

 

 

 

Encerramento da XXVI SEFAC (Semana Especializada para a Formação Anticomunista), 24 de janeiro de 1976

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

Depois da longa viagem que fizeram de Amparo para cá e do adiantado da hora em que eu lhes falo, não cabe uma longa exposição, mas uma consideração global do que seja a TFP, qual sua finalidade, qual a beleza da luta dentro da qual ela se acha engajada – essa consideração não pode faltar à oração de encerramento nessa sessão.

 Então, eu farei aos senhores uma rememoração histórica que lhes facilitará uma síntese a respeito dessas grandes idéias que, como bem disse um dos oradores que me precedeu, marcam a verdadeira grandeza da TFP. Pois são os grandes pensamentos, as grandes metas, mais ainda do que os grandes métodos, que determinam a grandeza de uma entidade, de uma associação. Para fixar essas idéias, me ocorreu contar aos senhores um conto de outros tempos.

 Houve em certa época da História, em lugar não muito definido, fatos meio míticos, de lugares e épocas indefinidas - que têm o charme, o encanto, o encanto próprio do indefinido que cada um situa onde quer, na época que deseja e no lugar onde lhe parece mais belo – houve nessa época, num mar, ora suave ora esplêndido nas horas de tranquilidade, ora bravio e orgulhoso, indômito, elegante nas horas de tempestade, houve uma ilha, uma magnífica ilha.

Uma ilha cheia de praias, uma ilha cheia de recôncavos, uma ilha com planícies, uma ilha com montanhas, uma ilha com natureza a mais verdejante e mais bela da terra! Frutos magníficos, flores estupendas, borboletas, pássaros, o reino vegetal, o reino animal ali representados em todo o seu esplendor – nessa ilha, bem no seu centro, uma pequena capela e, nessa capela, um quadro de Nossa Senhora. Encontrava-se o quadro no alto da grande montanha central dessa ilha e representava Nossa Senhora das Dores: ao centro, o Crucifixo; à direita, Nossa Senhora, de pé, olhava Nosso Senhor Crucificado; à sua esquerda, como os grupos clássicos que todos nós conhecemos, a figura virginal de São João Evangelista.

 Essa ilha era habitada por um povo e esse povo vivia de modo muito cristão e bem ordenado. A família estava bem constituída e bem assegurada; os costumes eram puros; a hierarquia da sociedade era perfeita; a cultura se desenvolvia todos os dias; a vida material, com os recursos da ilha, ia crescendo à medida que se desenvolvia a cultura intelectual e, sobretudo, o centro da cultura intelectual, que é a formação espiritual e o amor de Deus, a primeira virtude de cada verdadeiro católico.

 Nesta ilha, em determinado momento, quando a natureza estava em seu melhor esplendor, quando os frutos estavam nas árvores e já as sementes se formavam nos frutos; quando flores formosas pendiam de muitas plantas, nessa ocasião houve uma dissensão entre os homens que habitavam na ilha. Uma parte deles, inebriada pelo prazer de viver em ambiente tão magnífico, inebriada pelo desejo de gozar cada vez mais a existência terrena, esquecia-se cada vez mais da Virgem e cada vez mais se preocupando somente com as delícias da terra. Uma outra parte permanecia fiel. E entre as duas partes se estabeleceu uma confrontação, se estabeleceu uma animosidade e, por fim, uma luta.

E nessa luta, no primeiro momento, os maus tiveram a vitória. E para mudar tudo, tomaram a resolução de destruir a capela, de destruir o quadro da Virgem, de destruir a imagem do Crucificado, de destruir a figura virginal de São João Evangelista; de derrubar o altar, e que não houvesse mais liturgia, nem orações, nem religião. Resolveram os maus fazer isso, para que depois pudessem não mais ouvir falar de Mandamentos da Lei de Deus, de obrigações, nem ouvir falar de coisa nenhuma, e entregarem-se aos prazeres desta vida.

Para chegar a esse resultado, pareceu-lhes que o melhor era, depois de matar aos bons, pôr fogo na maior parte da ilha; destruir as árvores preciosas, destruir grande parte da vegetação, para construir grandes cidades, para construir templos magníficos, técnicos, que pudessem dar à ilha uma outra fisionomia. Uma fisionomia mais materialista, na qual a civilização de consumo pudesse implantar-se e na qual o homem só vivesse para o dinheiro e para seu próprio egoísmo.

Mas para chegar a esse resultado era preciso começar por uma luta e nessa luta, no primeiro momento, eles tiveram a melhor parte. Sucederam-se, nessa luta, várias revoluções e quando essa luta estava quase no fim, quando os bons estavam quase completamente dispersados, então chegou para eles o momento terrível entre todos, que era o momento que esperavam há várias gerações e que agora lhes era possível: tirar o quadro da capela para destruí-lo, destruir a capela e tocar fogo em grande parte da vegetação da ilha.

 Os que se conservavam fiéis eram muitos poucos. Então, quando viram o que acontecia, perceberam o plano maligno que era preparado e que avançava cada vez mais. Vendo que não tinham mais nenhuma possibilidade de resistir, refletiram e disseram:

Nossa Senhora não nos abandonará! Nós temos que tomar algumas providências, algumas medidas para salvar, de qualquer maneiram, senão a capela, pelo menos o quadro; senão, ao menos as sementes, se a vegetação não pudesse ser salva. Porque um dia virá em que Nossa Senhora voltará e esmagará seus inimigos nessa ilha! E então, quando chegar o dia bendito entre todos em que Nossa Senhora descer, em que as legiões angélicas baixarem na ilha para restabelecerem o Reino de Nossa Senhora e para derrotar os filhos de Satanás, nesse momento teremos a tradição que recebemos de nossos maiores: a fé católica apostólica, romana que não morreu em nossos corações e nos que nos sucederão; as sementes magníficas que Deus deu a essa ilha e esses homens péssimos quiseram destruir; alguns restos, guardados - com tanto cuidado - de flores, até o momento em que sintamos que é preciso começar uma reconquista, que um fogo interior nos diga que os dias de vinda de Nossa Senhora não estão distantes, e que essa reconquista há de ser começada, custe o que custar. Então, virá o dia, primeiro de nossa luta, e depois da vitória de Nossa Senhora!”

 Passaram-se anos e anos e anos... Esse grupo pequeno fazia seu apostolado entre os filhos das trevas, abria-lhes os olhos, mostrava a um e outro, a outro e outro, a situação péssima que estava na ilha, recrutando assim colaboradores, aliados, irmãos de ideal. Isso se fazia sem grande alarido. Não secretamente, mas muito discretamente.

 E assim esse grupo se foi estendendo pelas várias partes da ilha, se foi diferenciando em pequenos grupos. E, em determinado memento, quando o ataque final se fez, esses homens entraram na capela de Nossa Senhora e começaram uma reconquista maravilhosa!

Então, começaram a dizer publicamente quais eram seus ideais. Começaram a impugnar com coragem, com denodo, todos os males que os adversários faziam; lançavam-lhes em face, com franqueza, tudo o que deveriam ouvir. De sua parte também os filhos das trevas falavam mal deles, os difamavam, caluniavam, queriam persegui-los de todas as maneiras, ameaçavam-lhes de morte! O combate se tornava cada vez mais duro entre as duas partes. E enquanto cresciam sempre os bons, o número dos que apoiavam os maus também crescia. E a desproporção terrível entre bons e maus não somente se manteve, mas ainda os maus, cada vez mais poderosos, chegaram a fazer os bons pensarem que não poderiam vencer a reconquista que haviam começado.

Então, eles se ajoelharam, tiraram o quadro que traziam escondido, o levantaram bem alto e cantaram juntos a Salve Regina em latim. Os maus mofavam, consideram aquilo ridículo: “esses homens não sabem mais combater... Cantam e rezam como se fossem mulheres... Forçosamente serão derrotados”...

Mas um terremoto terrível se fez sentir! O céu se tornou escuro, uma tempestade terrível se desencadeou sobre a ilha! Essa tempestade não feria aos bons, mas somente aos maus. E os maus começaram a ter medo. Mas seu coração estava tão duro que a maior parte deles não se converteu. Alguns, sim, mas a maior parte, não. Enfim, quando a luta e a tempestade chegaram ao auge, o Céu se abriu e as legiões celestes desceram, luminosas e diáfanas, cantando brados de guerra! E o leitmotiv desses gritos de guerra era o mesmo que ecoou na história no começo da Criação: Quis ut Deus! - Quem como Deus! – a grande proclamação que fez São Miguel Arcanjo quando começou sua Contra–Revolução no Céu contra Satanás e os anjos rebeldes. Quem é como Deus, cantavam eles! Quem é como a Virgem, proclamavam! Baixaram à Terra e cumpriram sua missão. As maravilhas pareciam ter chegado ao auge. Mas ainda não. Porque quando os maus estavam derrotados e que os bons estavam maravilhados com o que acontecia, lutando ao lado dos Anjos contra os maus – nesse momento, harmonias angélicas mais ainda harmônicas, se fizeram ouvir.

A tempestade cessou e baixou do Céu a própria Nossa Senhora, entre os homens, confirmando a promessa que havia feito em Fátima: Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará! Ela sorriu, abriu raios de luz e de graças. Ela tomou posse da Terra e foi diretamente à capela da qual só restavam alguns restos. Lá ficou por alguns momentos e depois voltou ao Céu, deixando na Terra uma alegria e uma paz inimagináveis! No interior das almas, uma ordem e uma virtude inimagináveis!

Os homens começaram a reconstrução da capela. A imagem sagrada do Crucifico, de Nossa Senhora das Dores e de São João Evangelista foi resposta com honra no altar, de onde jamais teria sido tirada se não fosse a Revolução, e toda a ordem da ilha retornou. As sementes da antiga vegetação foram tiradas dos lugares onde estavam ocultas e foram plantadas. A vegetação começou a mostrar toda sua beleza. Era a formosura do passado continuada, de modo desconhecido, enquanto as sementes estavam ocultas, mas que refloresciam em nova ocasião. E depois de algum tempo, a ilha havia recuperado todo seu magnífico aspecto de outrora. Não eram somente bonitas como em outro tempo, mas eram muitíssimo mais belas! Porque onde está Nossa Senhora, as coisas nunca continuam como estavam; aonde vem Seu perdão, as coisas não continuam como estão. Nossa Senhora não é capaz de olhar para alguém, de penetrar em algum ambiente, de sorrir para alguém sem lhe dar as possibilidades de ser muito mais nobre, muito maior! Sobretudo, que seja muito mais virtuoso!

Então, as eras e eras se sucederam. Os anos de felicidade e de virtude, os anos também de luta – porque luta sempre há, e sempre haverá enquanto houver homens na terra, e haverá ainda até o Juízo Final – e assim os dias se sucederam, até que uma nova revolta veio, e então tudo se recapitulou: os maus se levantaram mais uma vez, e novamente começaram as lutas entre os bons e maus.

Mas nessa ultimíssima vez, os maus tiveram uma vitória de tal modo esmagadora e grande, que somente restaram uns poucos bons. Tão poucos, que nem sequer se conheciam, não eram organizados, não estavam unidos. E cada bom se perguntava: Ainda haverá fé na Terra? Somente eu tenho fé? Onde está a grande, imortal, divina Igreja Católica? Serei eu o último resto da Igreja? Mas a Igreja é uma sociedade. Ela não se pode reduzir a um só homem... Onde estão os outros? A Igreja não pode ter morrido. Mas se diria que Ela está morta!

Então, esses homens que não se conheciam, inspirados por seus Anjos da Guarda, no lugar onde estavam, por maravilhosa coincidência, se puseram de joelhos e, mais uma vez, pediram a Nossa Senhora que viesse. Mas não veio Ela. Na tempestade que então se formou, viram, em sua grande glória e majestade, Nosso Senhor Jesus Cristo pessoalmente para julgar os vivos e os mortos. De suas sepulturas saíram os bons para sua glória e, os maus, para o inferno. Houve o Juízo e a história do mundo terminou.

*    *    *

Isso é uma adaptação do que a fé nos ensina sobre a história do futuro da Igreja. É uma adaptação sobre o que a história nos ensina sobre a realidade do passado e do presente da Igreja.

Essa ilha maravilhosa foi, no passado, a Cristandade. A família de povos cristãos, como irmãos uns dos outros, e que se ajudavam na luta contra inimigos comuns, os mouros, mas também os bárbaros do Reno e do Danúbio. Esses bárbaros, convertidos, depois os bárbaros do Mar Báltico e do Leste da Europa, todos, a Cristandade precisou combater e vencer. Essa magnífica família de povos irmãos, família que tinha, sem dúvida, seus aspectos censuráveis, que tinha seus problemas difíceis, que tinha, sem dúvida, muita coisa que não se pode aprovar, mas que era magnífica apesar de tudo isso. Porque a fé que tinha, a dedicação à Igreja, a pureza de costumes que possuía, o espírito combativo e audacioso que mostrava pelos adversários da Igreja, tudo isso fazia dela a verdadeira família dos verdadeiros povos do verdadeiro Deus.

Essa família se desenvolveu até o momento ápice da civilização cristã.

Qual foi esse momento?

Isso é um segredo de Deus. Nós saberemos no dia do Juízo Final. Quando se estuda a Idade Média, não se sabe bem se o momento culminante foi o século XII, se foi o século XIII. Certamente não o foi o século XIV, no qual se nota que a Idade Média havia começado a decair.

Então, veio a I Revolução atacou diretamente o que é simbolizado, no meu conto, pela capela, quer dizer, a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana. Quis arrancar as imagens dos altares, quis destruir o culto de Nossa Senhora na devoção popular e da Igreja. Houve lutas, houve batalhas, mas o Concílio de Trento defendeu a Igreja. E se é verdade que uma terça parte da Europa ficou protestante, é também verdade que duas partes da Europa foram defendidas; a religião católica se difundiu pela América; as Missões conduziram a Igreja a todos os povos e um século após o protestantismo, se podia dizer que todos os povos da Terra haviam ouvido a Mensagem do Evangelho, conheciam a Mensagem evangélica.

Mas enquanto essas coisas magníficas se passavam, outra Revolução se preparava resultado das péssimas sementes da I Revolução. Após o protestantismo veio a Revolução Francesa. Foi a desordem material dessa entidade magnífica que ainda era a Europa cristã, que talvez ainda se pudesse chamar a Cristandade. Depois da Revolução ter-se espalhado pela terra, a ilha, ou seja, a parte mais maravilhosa da Terra, a Cristandade, foi golpeada pela Revolução Comunista.

Se fosse somente a revolução comunista, não seria nada. Os comunistas, disfarçados nesse disfarce péssimo que se chama o progressismoessa forma de heresia, sob a qual esses homens sem fé, que professam uma religião que não é a católica, fingindo-se de católicos querem deturpar, querem falsificar, querem destruir por dentro a religião católica – o progressismo, filho do comunismo, penetrou na capela e está oculto desde então na Igreja Católica, querendo arrancar a Missa verdadeira representada pela Cruz, querendo arrancar a pureza dos costumes católicos representados por São João Evangelista.

É o momento supremo.

E nesse momento supremo, fazemos parte dos bons, nós que fazemos parte das diversas Sociedades de Defesa da Tradição, da Família e da Propriedade. Nesse momento supremo temos a dor e a glória – a glória dolorosa, a dor gloriosa – de sermos aqueles que lutam numa situação que se poderia chamar quase desesperada.

Por toda parte cresce o número dos que pensam como nós, mas também é verdade que, principalmente, cresce o número dos que pensam contrariamente a nós; cresce sua força e seu poder.

E nós, o que fazemos? Conservamos em nossos corações e em nossas almas, nesta Igreja - da qual disse Paulo VI que a fumaça de Satanás nela havia penetrado; da qual disse Paulo VI que um misterioso processo de autodemolição faz com que Ela se destrua a si mesma - nessa Igreja, nós, como pedras vivas dEla, como membros que dEla fazem parte, guardamos a devoção à verdadeira Missa, à Sagrada Eucaristia e guardamos – como a vegetação que se pôs fogo – as tradições, como sementes dEla, as tradições das quais somos os fiéis lutadores, os continuadores e os representantes. Essas tradições que vão reviver renovadas, e todos marcharemos para uma nova Cristandade.

 É possível, caros amigos, que a luta fique ainda mais feroz esse ano. Ela foi especialmente terrível para a TFP brasileira, no curso do ano de 1975. Os senhores conhecem bem o estrondo publicitário de origem maçônica e comunista que se organizou aqui, com repercussão na Venezuela, na Colômbia, um pouco em outras nações da América do Sul, também na América do Norte.

Quando começou o ano de 75 imaginávamos, ou melhor, quando terminou o ano de 75, imaginávamos o que seria o de 76. Pode ser um ano de lutas um pouco menores, mas pode ser também um ano de lutas maiores. Para nós, o essencial não é que as lutas sejam grandes ou pequenas; é essencial que lutemos por Nossa Senhora, em quaisquer condições. E quando as lutas forem maiores, façamos como aqueles homens: nos ponhamos de joelhos e peçamos a Nossa Senhora que venha.

Não tenhais dúvida! Nossa Senhora jamais rechaçou as orações de seus fiéis. Isso está no Memorare, no “Lembrai-vos”, que é a oração de São Bernardo: “Jamais se ouviu dizer que alguém tenha pedido vossa intercessão e vosso socorro, fosse por vós abandonado”. E se chegar essa ocasião, em que nada mais possamos fazer senão nos ajoelhar – talvez ajoelhar em cárceres – tenhamos fé em Nossa Senhora, e saibamos que o homem que se ajoelha é onipotente. Porque o homem que se ajoelha e reza é o homem que tem por si a promessa divina: jamais sua oração será recusada!

Peçamos a vitória de Nossa Senhora e, em determinado momento, se for necessário, o céu se abrirá e os Anjos virão. E então haverá o grande combate e Nossa Senhora vencerá!

Essa é a beleza de nossa luta. É a luta que cabe à minha geração e que atinge a geração dos senhores; a luta de quem luta na noite, nas trevas. Somos poucos; nos articulamos, nos unimos, formamos uma família de almas para resistir de qualquer maneira legítima, honesta, qualquer que seja a dificuldade e ainda que isso custe nosso sangue. Como fizeram exatamente os heróis do tempo de Dom Pelágio, de Covadonga, do Cid Campeador, nós temos que resistir, e resistiremos!

E a beleza não está tanto nas batalhas que ganharemos; ganhamos muitas para Nossa Senhora – e esses combates os senhores conhecem – mas a beleza está no momento supremo em que essa sucessão de batalhas, essa sucessão de vitórias se encontrará com a sucessão das derrotas.

Também perdemos muitas batalhas; muitas vezes fomos derrotados. E derrotas terríveis! São Luís Grignion de Montfort diz no seu “Tratado da Verdadeira Devoção”, que os verdadeiros devotos de Nossa Senhora, seus escravos darão golpes terríveis contra os adversários, mas também os receberão. E irão crescendo nossas vitórias e as vitórias do adversário até um momento culminante, que está cada vez mais próximo. Esse momento será em que nossa vitória seja maior do que nunca, e a deles também.

Então, nessa incerteza, nesse epílogo da história, ou de uma história tremenda, devemos ser os que têm fé e sabem pedir com fé, e cuja oração move as montanhas. Faz mais do que mover as montanhas: abre os céus e obtém que os Anjos venham e vençam.

 Os senhores são jovens. Em suas mãos a TFP põe as sementes do passado, o conhecimento da História, o conhecimento das tradições inspiradas pela civilização cristã. A melhor dessas sementes, que recebestes de vossas famílias e que a TFP consolida em vós - na medida da influência que possa ter sobre vós - é a fidelidade absoluta à santa fé, católica, apostólica, romana. A fé católica que é a condição para que na Terra todas as coisas sejam boas, sejam conforme Deus.

Então, tendes um passado como membros da TFP, um passado próximo de lutas, um passado próximo de vitórias, um passado próximo de batalhas perdidas. Vós tendes as trevas nas quais lutamos; ainda tereis, acima das trevas, os Anjos que esperam o momento decisivo. Eu vos digo: por mais felizes que os Anjos sejam no Céu, eles invejam vossa situação! Eles quereriam estar como vós, sofrendo e lutando nessa hora de glória! Quando pedirmos a sua vinda, eles virão, virão dizendo que nós seremos aclamados como felizes ... Deus, por todas as gerações, até o fim do mundo.

Porque de nós se poderá dizer o que Churchill disse dos que lutaram nos céus de Londres: Nunca tão poucos lutaram e alcançaram tanta coisa! Isso que se alcançará será o Reino de Maria! Vós vereis o sorriso de Maria e tereis Sua bênção.

É o que vos desejo de toda a alma, nessa oração de encerramento da SEFAC.


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