Plinio Corrêa de Oliveira

 

Nossa Senhora da Expectação, da Esperança ou do Ó

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Santo do Dia, 18 de dezembro de 1965

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A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério tradicional da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras "Revolução" e "Contra-Revolução", são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em seu livro "Revolução e Contra-Revolução", cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de "Catolicismo", em abril de 1959.

No dia 18 de dezembro começa a última semana do Advento. E a Igreja denomina esta semana de Semana da Expectação. Expectação porque faltava apenas uma semana para o nascimento de Nosso Senhor, e durante esse período a Igreja imagina o júbilo e a esperança de Nossa Senhora diante do fato de que o Messias haveria de nascer, e que Ela haveria de ver, por fim, a face bendita do Filho que estava gerando nas Suas entranhas puríssimas.

Então, Nossa Senhora, que tinha pedido a Deus que apressasse a vinda do Messias, e cuja oração onipotente tinha conseguido de Deus que, realmente, a data fosse  antecipada; Nossa Senhora, que depois tinha sido convidada para ser Mãe do Verbo e tinha aceito gerado o Verbo Encarnado dentro de Seu próprio seio; Nossa Senhora vê chegar, não só o momento em que verá a face de seu Filho, e assim conhecerá um esplendor novo a respeito da alma dEle e toda Sua personalidade; não só isso, mas vê chegar a salvação para o mundo.

Ela vê o momento em que a glória de Deus deixará de ser ofendida por toda aquele estado de coisas marcado pelo pecado original, sem resgate; aquele reino do demônio que o mundo foi, de modo particular durante 4000 anos ou mais, e que mediava entre o pecado original e o momento da Encarnação do Verbo.

Tudo isso Ela considera que acabará, sente que o reino de Nosso Senhor Jesus Cristo está próximo, que falta uma semana apenas para o começo do fim do reino do demônio, pelo nascimento do Verbo e do Redentor, O qual acabará com o reino do demônio quando Ele for imolado na Cruz.

Isso, então, enche a alma de Nossa Senhora de esperança e é por isso que, nesse período, Ela é chamada de Nossa Senhora da Expectação, ou Nossa Senhora da Esperança, ou Nossa Senhora do Ó. Porque em cada um desses dias que vão até o Natal, no breviário há uma antífona que começa com uma exclamação, com uma exclamação tirada de uma “Ó, tal coisa”. Então, Nossa Senhora do Ó.

E essa exclamação é baseada em alguns pensamentos do Antigo Testamento, da Escritura, ou alguma idéia piedosa. Era interessante considerarmos aqui as seguintes invocações:

“Ó, Adonai, filha da casa de Israel, que aparecestes a Moisés no fogo da sarça ardente e lhes destes a lei no monte Sinai, (vem) resgatar-nos com a força de teu braço”.

Há milhares de anos o povo hebraico considerava o aparecimento de Deus a Moisés e sabia que Deus apareceria só ao povo eleito de um modo muito mais real, mais palpável do que a Moisés. Então, um pedido há mil, há 2 mil anos, nem sei quantos anos se deu aquele fato: “Vinde agora renovar este fato, mas com excelência incomparavelmente maior, ó Deus que aparecestes a Moisés”.

Depois vem:

“Ó Raiz de Jessé, que estás posto como sinal dos povos, diante do qual todos os reis obedecerão e a quem hão de invocar todos os povos, vem libertar-nos, não tardeis”.

É exatamente isso: pedir a Nosso Senhor Jesus Cristo que nasceu da Raiz de Jessé, que é Nossa Senhora; Nosso Senhor Jesus Cristo diante do qual todos os reis vão ficar quietos e a quem todos os povos da terra vão invocar, que venha a nós, que não tarde, porque a humanidade geme e não quer mais esperar.

Por fim, quarto:

“Ó Chave de Davi, e Cetro da Casa de Israel, que abre-se e ninguém fecha, que fecha-se e ninguém abre, vem e arranca do cárcere o prisioneiro imerso nas trevas e nas sombras da morte”.

Nosso Senhor Jesus Cristo fecha e ninguém abre, abre e ninguém fecha, quer dizer, Ele tem o domínio de todas as coisas. Então, vem libertar-nos das sombras da morte.

E depois outra invocação:

“Ó Oriente, esplendor da Luz Eterna e Sol de Justiça”

A justiça é a virtude, é uma palavra que designa toda virtude, o estado de graça. Jesus Cristo é um esplendor da luz eterna. E, por outro lado, é o sol de todas as virtudes, que ilumina os que vivem nas trevas e nas sombras da morte. Realmente Nosso Senhor veio, iluminou, e desta iluminação nasceu a Civilização Cristã.

Sexto:

“Ó Rei das Nações, e por elas desejado, pedra angular que faz dos dois polos um polo só, vem e salva o homem que formaste do lodo da terra!”

Nosso Senhor Jesus Cristo é a pedra angular de toda ordem humana e nEle todos os dissídios se reconciliam, mas reconciliam verdadeiramente, e não apenas de um modo como que “ecumênico”, no mau sentido da palavra. Então, salva o homem, que é uma criatura Sua, que Ele formou do lodo da terra.

A última invocação, então o Natal já está iminente:

“Ó Emanuel” - Emanuel quer dizer Messias, o Salvador - “Ó Emanuel, nosso rei e legislador, esperança e salvação das nações, vem salvar-nos, Senhor nosso Deus!”

Quase se sente Cristo já próximo, separado de nós por apenas algumas horas. Então alegria de todas as nações que esperam nEle, que esperam em seu Salvador, se volta para Ele e diz: “Senhor nosso Deus, vem salvar-nos!”


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