Plinio Corrêa de Oliveira   São Luís Grignion de Montfort: amplitude
  do auxílio de Nossa Senhora aos que sabem invocá-La   "Santo do Dia"
  de 21 de outubro de 1971  | 
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   A D V E
  R T Ê N C I A O presente texto é adaptação
  de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
  a sócios e cooperadores da TFP, e não foi revisto pelo autor.  Se o Prof.
  Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se
  colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer
  discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui
  constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de
  espírito: 
 
   [Vamos ler] um comentário de São Luís Grignion que se
  encontra na “Carta Circular aos Associados da Companhia de Maria”, extraído
  diretamente de suas obras completas. Aqui os senhores podem ver a amplitude do auxílio de
  Nossa Senhora para aqueles que sabem de fato implorá-La:
   Eu sou a vossa proteção e a vossa defesa... É uma introdução, pequena, comentada. ... ó pequena companhia... “Companhia” os senhores sabem o que quer dizer na linguagem de
  São Luís Maria Grignion de Monfort, ou seja batalhão. "... disse o Padre eterno. Eu vos tenho gravado em
  meu Coração, em minhas mãos, para vos amar e vos defender, porque vós
  pusestes vossa confiança em Mim, e não nos homens, na Providência e não no
  ouro". Quer dizer, o pensamento muito bonito aqui é o seguinte: aqueles
  que se dão inteiramente a Deus Nosso Senhor, os que se dão a Deus por meio de
  Maria, eles têm o nome deles gravado no Coração e nas mãos do próprio Deus. “No Coração” é um símbolo, quer dizer, o nome gravado no Amor do
  próprio Deus. “Nas mãos”, que dizer, na operosidade da Providência. A
  Providência que atua e encaminha os acontecimentos. * O índio na menina dos olhos da imagem de Nossa Senhora
  de Guadalupe: exemplo da amplitude da proteção dEla Nós temos uma ilustração muito bonita disso no quadro representando
  Nossa Senhora de Guadalupe. Como os senhores sabem, recentemente, fotografias tiradas do
  quadro, verificou-se que na menina dos olhos da imagem, estava o índio para
  quem Ela apareceu. Quer dizer, está na própria menina do olhos. É um modo de Nossa
  Senhora exprimir a mesma coisa. É um carinho singular que Ela tem para com
  aqueles que A servem, e que podem ser fustigados por essas ou aquelas
  tempestades: são sempre levados a bom termo pela Providência Divina. Eu vos libertarei de ciladas que vos fazem, das calúnias
  que são levantadas contra vós. Os senhores vêem como, portanto, é próprio aos verdadeiros
  filhos de Nossa Senhora, em todos os tempos, sofrer ciladas e calúnias. Eu vos livrarei dos terrores da noite, e das trevas que
  vos metem medo. O que são os terrores da noite? Não são só os fantasmas, os
  medos que as pessoas podem ter durante a noite, mas são os terrores que
  aparecem aos homens nas situações obscuras e tenebrosas da vida. Nas quadras
  difíceis da existência, em que o homem não sabe como agir, ele se vê como que
  numa noite cheia de terrores. E então, Deus diz, e Nossa Senhora que é a
  Medianeira de Deus, diz também que "nos livrará dos terrores da
  noite". Quer dizer, nos auxiliará nas trevas de que possamos estar
  circundados. * Nossa Senhora nos livrará dos assaltos do “demônio do
  meio-dia”, que é o demônio da idade madura Eu vos livrarei dos assaltos do demônio do meio-dia que
  vos quer seduzir. Ao que parece esse “demônio do meio-dia”, é o demônio da idade
  madura. É o demônio a que estão sujeitos os homens quando eles chegam à idade
  em que eles se perguntam: "O que é que eu fiz na vida? Que carreira eu
  segui? Que grau eu ocupei? A que cargo eu cheguei? Que dinheiro eu
  economizei? Que prestígio eu granjeei?" E vendo que não granjearam o que queriam, embora às vezes tenham
  granjeado muito, eles então resolvem vender-se. Esta forma de tentação é chamado o “demônio do meio-dia”. Porque
  o homem está no meio-dia de sua vida, está no pináculo de sua vida, naquela
  hora em que vai caminhando para o seu declínio, que a tarde começa e que ele
  então faz um retrospecto do que foi toda a sua manhã, para perguntar o que
  fez, o que colheu. Preocupação que não se põe de modo tão aflitivo - é certo - aos
  vinte anos, como aos trinta; nem tão aflitiva aos trinta quanto aos quarenta.
  E que parece que chega ao seu zênite entre os quarenta e os sessenta. É a era
  em que o homem procura consolidar-se, em que o homem se torna venal.
  Provavelmente Judas Iscariotes encontrou-se com o
  “demônio do meio-dia” quando resolveu vender a Nosso Senhor. * Nossa Senhora cobrirá com seu afeto aqueles que forem
  perseguidos pela ação do demônio e seus sequazes por amor ao nome de dEla Eu vos esconderei sob as minhas próprias asas. Esta é aquela palavra linda, de Nosso Senhor a respeito de
  Jerusalém. Quando Ele diz: "Jerusalém, Jerusalém, se tu tivesse
  conhecido Aquele que poderia te dar a paz. Quantas vezes Eu quis reunir-te
  sob as minhas asas como a galinha faz com os pintainhos. Mas tu não
  conhecestes a paz, etc." Assim também, diz aqui: "Eu te reunirei debaixo das minhas
  asas. Eu te cobrirei com o meu afeto", diz Nossa Senhora àqueles que
  forem perseguidos pela ação do demônio e dos sequazes do demônio por amor ao
  nome dEla. Adiante explicarei aos senhores a importância que tem o ser
  perseguido por amor ao nome dEla. Eu vos carregarei nos meus próprios ombros. É uma referência à parábola do Bom Pastor, que toma a ovelha
  doente, e a carrega nos próprios ombros com todo o afeto. Eu vos nutrirei no meu próprio seio. Quer dizer, a Providência fará conosco o que a mãe faz com o seu
  filhinho, o que Nossa Senhora fez com o Menino
  Jesus, assim Ela nos trata a nós perseguidos por amor a Ela. Eu vos armarei com a minha verdade e tão poderosamente,
  que vós vereis os vossos inimigos cair aos milhares ao vosso lado. Mil maus
  pobres à vossa esquerda, dez mil maus ricos à vossa direita, sem que a minha
  vingança sequer se aproxime de vós. * O justo perseguido por amor a Nossa Senhora verá caírem,
  de um lado e do outro, os inimigos dEla A metáfora é linda. É o justo perseguido por amor a
  Nossa Senhora, que caminha. Ele verá caírem de um lado e do outro os inimigos
  dEla, e a vingança de Deus a ele não atingirá. À esquerda dele, cairão mil
  maus pobres; à direita dele cairão dez mil maus ricos. Mas ele nem de longe
  será atingido. Por que esses mil maus pobres e esses dez mil maus ricos? Em
  primeiro lugar, é preciso que os senhores notem quantos inimigos tem o justo.
  Ele olha para a esquerda, ele tem mil homens, e isso numa época em que a
  população do Globo era muito menor, hein! Porque são todas frases bíblicas. Mil homens era um exército,
  dez mil era uma coisa que metia medo. Do outro lado, ele tem dez mil maus ricos. Quer dizer, está
  assediado de maus por todos os lados. Cercaram-no para liquidá-lo. Mas põe a
  sua confiança em Nossa Senhora, e nada lhe sucede. Por que de um lado os pobres são mil, e os maus ricos são dez
  mil? Ele mostra aí que o bem não é ser pobre, nem ser rico. O mau não é ser
  pobre, nem ser rico. [O importante] é ser bom ou ser ruim. Ele tem de um lado
  ricos, de outro lado pobres; uns e outros são ruins. Mas como o rico é mais
  poderoso do que o pobre, corresponde a uma manifestação maior do poder de
  Deus liquidar um número maior de ricos. Vós caminhareis com coragem sobre a áspide e o
  basilisco, invejoso e caluniador. Áspide é uma forma de cobra. E basilisco é um animal mitológico.
  Então, são a áspide – deve ser a invejosa – e o basilisco – deve ser o
  caluniador. Quer dizer, "vós caminhareis sobre os invejosos e os
  caluniadores. E nada vos acontecerá". São animais bravios. Caminhar sobre cobras não é nada prudente,
  é perigoso; caminhar sobre basilisco, animal mitológico, deve ser uma coisa
  horrorosa. Mas nada acontecerá. Serão todos calcados aos pés. * A vida da Igreja não teria nenhuma beleza, nem nenhum
  mérito, se muitas vezes os bons não tivessem sofrido Vós calcareis aos pés o leão e o dragão ímpio, arrogante
  e orgulhoso. Eu vos ouvirei nas vossas orações, Eu vos acompanharei nos
  vossos sofrimentos. Eu vos livrarei de todos os males, e Eu vos glorificarei
  com toda a minha glória. Os senhores vejam que beleza. Quer dizer, nesta batalha - notem
  bem – o justo sofre, não é que ele não sofre. Diz aqui: Eu vos acompanharei nos vossos sofrimentos. O justo pode sofrer, e quantas vezes tem sofrido! Mas a vida da
  Igreja não teria nenhuma beleza, nem nenhum mérito, se muitas vezes os bons
  não tivessem sofrido. Depois diz: Eu vos livrarei de vossos males. Portanto tereis os males. Os bons vão ter males, mas serão
  libertos dos males que tiverem; deverão passar por fases cruciais, enfrentar
  coisas terríveis, mas devem ser libertos. A Providência intervirá a favor
  deles. E a promessa linda: Eu vos glorificarei com toda a minha glória, que eu vos
  mostrarei no meu reino descoberto, depois que Eu vos tenha enchido de dias e
  de bênçãos nesta Terra. Isso é uma majestade de Deus providíssima. Naturalmente, Ele não diz aí o seguinte: que todo o mundo que é
  bom, vive muito tempo. Mas Ele diz uma outra coisa: que aqueles que segundo o
  desígnio dEle devem viver muito tempo, Ele não permitirá aos maus que matem.
  Ele só permitirá que eles cumpram os seus dias na Terra. Os maus só matarão
  aquele que estiver nos desígnios de Deus, de permitir que morram numa
  determinada ocasião, como uma doença poderia matar, um desastre, ou qualquer
  outra coisa que pudesse matar. Bem, eles, nesta Terra, serão acumulados de dias e de bênçãos. E
  depois no Céu, eles serão glorificados com toda a glória de Deus. Os senhores vêem que prêmio magnífico. Para quem? Isto não é
  para qualquer perseguido, mas para quem é perseguido por amor a Deus! Quer
  dizer, nós precisamos notar bem o que é ser um perseguido por amor a Deus. É
  perseguido por amor a Deus aquele que é odiado pelas qualidades que tem, e
  que tem essas qualidades para servir a Deus. São duas coisas que é preciso
  considerar. Quer dizer, vamos tomar um pai de família solícito, entretanto ateu…
  o que pode acontecer. Vem um bandido qualquer e implica com sua solicitude e
  o assassina. Comete, portanto, um homicídio, um crime abominável. Mas esse homem não tem a glória de quem é perseguido por amor a
  Deus. É perseguido pelo amor a Deus aquele homem que tinha esta virtude por
  amor a Deus. E quem o mata, ou persegue, ou calunia, ou qualquer coisa,
  sabendo que ele estava praticando a virtude, por causa da virtude que ele
  pratica e sabendo que ele pratica aquela virtude por amor a Deus. Esta é a condição
  para a gente ser perseguido por amor a Deus. Qual é o mérito especial que se tem de ser perseguido por amor a
  Deus? Ser perseguido por amor a Deus é uma das bem-aventuranças que
  estão no Evangelho. É uma bem-aventurança pelo seguinte: aquele que é perseguido
  por amor a Deus, recebe de Deus uma espécie de delegação, uma espécie de
  representação ou de mandato. Ele é um procurador de Deus diante dos homens. E
  sendo odiado por amor a Deus, é Deus que odeiam nele. E sendo ele odiado por
  amor a Deus, Deus contrai uma espécie de união com ele. Contrai uma espécie
  de ligação com ele que é uma prova de que Deus o amava, e é uma prova de que
  Deus o quer amar ainda mais. Deus o chama para junto de Si, e o quer cumular
  de provas de Seu afeto e de Seu carinho, precisamente nessas circunstâncias.
  Porque fizeram-no sofrer por amor a Ele. Dou aos senhores outro exemplo terreno e os senhores podem
  compreender bem. Os senhores imaginem um rei que é duramente insultado por um
  cavaleiro de um reino vizinho. O rei dirá: "Eu lutar com um simples
  cavaleiro de um reino, não é uma coisa que tenha propósito, eu sou rei. Eu
  luto com outro rei, não luto contra um cavaleiro, com um simples cavaleiro;
  mas, de outro lado, a minha honra não pode deixar de ser desagravada desse
  ultraje. Então eu nomeio alguém para lutar contra aquele". Esse alguém
  vai lá e luta. Não foi uma prova de afeto do rei ter nomeado esse sujeito
  para a luta? Por que? Porque o rei quis sentir-se representado por aquele,
  quis incumbir aquele da função digna, gloriosa, de defender a honra real. Sempre que alguém ataca aos bons por suas qualidades, ainda que
  se tenha defeitos, é a Deus que ele está atacando. Nosso Senhor disse isso expressamente: "Aquilo que fizerem
  ao menor dentre de vós, a Mim mesmo o tereis feito". O que vale para esmola como vale para ultraje. E se Ele quis,
  portanto, permitiu que nós, no cumprimento do dever, fôssemos atacados por
  ódio a Ele, somos como aquele cavaleiro que Ele constitui como representante
  dEle. Agüentando aquela perseguição, agüentando a calúnia, agüentando a
  injúria, nós agüentamos em nome dEle e somos representantes dEle, somos como
  Anjos representando Deus na Terra. Quer dizer, é uma missão lindíssima e que
  nos reveste de toda a glória. Deus se faz assim representar freqüentemente na
  Terra. Notem que Nosso Senhor disse que no juízo final Ele vai julgar
  os homens assim: "Eu estive nu, e vós não Me vestistes; Eu estive
  encarcerado e vós não Me visitastes; Eu tinha fome e vós não Me destes de
  comer; Eu tinha sede e vós não Me destes de beber. Ide agora malditos!" Quer dizer, Ele estava na pessoa de todos os aflitos e de todos
  os necessitados, e aos que não socorreram os aflitos e os necessitados
  [dirá]: "Ide agora malditos para o fogo do eterno!" Quer dizer, Ele mesmo Se fez representar nessas circunstâncias.
  Quanto mais os que sofrem de aflição por causa dEle, de necessidade por causa
  dEle. Se é verdade que Christianus
  alter Christi, o
  cristão crucificado é um outro Cristo Crucificado. E São Paulo Apóstolo dizia
  que ele não sabia pregar a não ser Jesus Cristo e Jesus Cristo Crucificado. De maneira que nós devemos pedir a Nossa Senhora que Ela nos torne dignos de, por nossa oração, por nossa firmeza, enfrentar essa fúria. Que Ela afaste de nós a provação e a perseguição, mas que se estiver no desígnio dEla que nós enfrentemos isso durante algum tempo, que Ela nos dê a confiança imperturbável de que de quaisquer cinzas, renascerá a TFP para a glória dEla. 
 Esta conferência se insere em um conjunto de comentários sobre a devoção a Nossa Senhora, conforme o método de São Luís Maria Grignion de Montfort, feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Sugerimos a nossos visitantes a leitura dos já publicados, a saber: - Fazer todas as coisas “com Maria, em Maria e por Maria” - Viver em Maria: comentários aos tópicos 262 e 263 - Fazer todas as ações em Maria: comentários ao tópico 261 
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