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Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

 

A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo

no pensamento de

PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

© 2008 - Todos os direitos desta edição pertencem ao

INSTITUTO PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

Dezembro de 2008

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Parte II

 

Capítulo 4

 

O caráter simbólico

de todos os

aspectos da realidade

 

( Para Textos Ilustrativos deste capítulo clicar aqui )

 

1. O universo material é um edifício simbólico imenso

No sentido comum, o símbolo é algo convencional. Por exemplo, um símbolo de trânsito: convencionou-se que tal figura indica determinada coisa a se fazer ou deixar de fazer. A figura adotada pode insinuar aquilo que se quer indicar: por exemplo, a figura de um homem atravessando uma rua com um «X» em cima: «Não atravesse!» Pode também ser puramente arbitrária, como um triângulo amarelo para significar esta ou aquela coisa.

Mas existem símbolos não convencionais que falam por si. O cachorro é um símbolo da fidelidade; a raposa, da esperteza; o cordeiro, da mansidão; a pomba, da inocência; a serpente da astúcia, etc. São animais irracionais que se tomam como sinal de uma idéia abstrata, devido a uma analogia.

A palavra símbolo tem sua acepção mais nobre quando uma realidade de natureza inferior faz conhecer — por analogia, por semelhança — um ser de natureza superior.

Por exemplo, o trovão. ‘É um fenômeno de natureza puramente material que pode lembrar o rugido do leão. A mãe pode dizer à criança que nunca tenha ouvido o leão rugir: «Está ouvindo este trovão? O rugido do leão é assim».

‘Por sua vez, o leão pode lembrar o guerreiro, o Rei perfeito ou o Pontífice perfeito, e assim por diante. O Pontífice ou o Rei perfeitos, por sua vez, lembram a fortaleza e a onipotência de Deus. As analogias se cumulam’.[1]

Diz-se que a pureza é branca, que a justiça é reta, e a várias virtudes se atribuem cores, sons, formas, odores que falam aos sentidos. Assim fazendo, ajudamos a compreender o que a virtude é, e a amá-la.

Até a partir da fumaça de um cigarro pode-se chegar a Deus.

‘Imaginemos um homem fumando e do seu cigarro se desatando uma espiral de fumaça. Essa espiral às vezes se desenvolve segundo uma linha que lembra certas atitudes do espírito humano. E estas atitudes, por sua vez, lembram a Deus. Nesse sentido, uma simples fumaça de cigarro pode lembrar algo de Deus, pode simbolizar uma perfeição de Deus’.

Partiu-se de um ser ‘que tem uma aparência sensível: a fumaça. As aparências sensíveis, quando bem estudadas, fornecem, todas, alguma analogia com o mundo do espírito, com algum estado de espírito do homem, com algo da inteligência humana. Com algo, portanto, que diz respeito à alma do homem. Enquanto tal, essa analogia, indiretamente, conduz a alma até Deus’.[2]

Estamos em pleno terreno do simbolismo, que envolve uma problemática delicada, porque é preciso evitar o panteísmo*, o esoterismo** e desvios do gênero. Mas, por outro lado, o verdadeiro simbolismo pode ser uma forma de conhecimento especialmente aguda.

* Panteísmo é a doutrina segundo a qual Deus não é um ser pessoal, mas está como que dissolvido em todos os seres do universo, que constituem emanações suas. Desse modo, tudo na natureza é deus!

** Esoterismo é a doutrina ou atitude de espírito segundo a qual a posse da verdade deve ser restrita a um pequeno número de iniciados, únicos capazes de alcançá-la.

O universo material é um edifício simbólico imenso, em que a parte mais elevada é o homem. Todo o universo, de um modo ou de outro, é um símbolo de Deus. E assim como, numa natureza morta, pode-se ver um significado profundo no trivial, também se deve saber ver em cada coisa um símbolo de algo mais elevado.

‘A ponte que liga o visível ao invisível é o simbólico. Os homens seriam muito mais dados à reflexão se percebessem o valor simbólico das coisas’.[3]

 

2. Símbolo: relação entre um objeto concreto e algo espiritual

‘— O que é que é propriamente um símbolo?

‘Uma espada, por exemplo, é símbolo do espírito combativo. Isso é admitido em heráldica, em literatura e numa porção de aplicações. É até banal.

‘Há alguma semelhança entre a espada e o espírito combativo? Dado que este é um estado de espírito, e a espada é uma coisa material, como pode haver semelhança? Em que consiste essa semelhança?

‘Aqui pomos o dedo no sentido elementar da palavra símbolo, com o qual devemos trabalhar para subir a escalas mais altas.

‘A semelhança existe e não é pequena, nem se estabeleceu apenas fortuitamente porque, em determinada época histórica, a espada foi a arma por excelência. A semelhança decorre de outra coisa. É que o espírito combativo é feito de retidão, de inflexibilidade, da capacidade de atingir e vulnerar em matérias polêmicas, de maneira que quem tem o espírito combativo tomará atitudes que a espada simboliza perfeitamente.

‘Então se deve admitir que há semelhanças entre determinados objetos materiais e certos estados de espírito do homem, entre coisas que ele pensa e coisas concretas.

‘Existe símbolo quando há semelhança entre determinado objeto concreto e alguma coisa de abstrato ou de espiritual. Aí se caracteriza perfeitamente a definição de símbolo.

‘Tomemos, por exemplo, esta pena de ave. É um objeto que, por um jogo de circunstâncias análogo ao da espada, simboliza o escritor. Durante muitos séculos, as penas das aves serviram como meio para o homem escrever.

‘Mas entre a atividade intelectual de compor e a atividade manual de escrever há uma certa semelhança, uma certa afinidade. A pena da ave — com aquela espécie de cartilagem central em linha reta e aquela parte de pena propriamente dita — tem uma flexibilidade, uma facilidade de ser conduzida’, que lembra a destreza com que o escritor desenvolve o seu pensamento. ‘O próprio fato de aquele cabo ser meio compridão, de tal maneira parece a longura, se assim se pode dizer, do pensamento — de um pensamento cheio de construções, de arrières pensées — que se pode dizer que entre o métier de escritor e uma pena há algo mais do que simplesmente a coincidência histórica de aquilo ter servido, durante muito tempo, como instrumento de trabalho para o escritor.

‘É verdade que o ter servido para esse trabalho prepara uma associação de imagens que acentua, facilita, a percepção dessa semelhança. Mas a semelhança não depende desse uso como instrumento; ela é, a seu modo, uma verdadeira semelhança’[4] entre o que a pena é e o uso para que ela serve.

É assim que o símbolo estabelece uma correlação de semelhança entre um objeto concreto e algo espiritual.

 

3. Reversibilidade entre símbolos e conceitos abstratos

Duas são as vias para o conhecimento total da realidade: a via abstrativa e a via simbólica.

A via abstrativa é a que chega à verdade por meio do raciocínio; a via simbólica é aquela que, operando sobre determinadas formas, cores e sons de objetos expressivos, dá ao indivíduo a noção de que as ‘exterioridades daquelas coisas lhe revelam, através dos sentidos, uma essência misteriosa, recôndita, de caráter simbólico, existente dentro delas’.[5]

O emprego das duas vias de conhecimento é, portanto, necessário para o conhecimento da realidade. Porque os conceitos abstratos só chegam a seu termo final de elaboração quando convertidos novamente em imagens ou figuras. Assim, há uma reversibilidade entre o conceito abstrato e seu símbolo concreto.

A teologia simbólica é uma das vias para chegar ao conhecimento da verdade

Do Itinerário da Mente para Deus (I, 7):

Deus nos deu a ciência da verdade ensinando-nos com as três formas da teologia, isto é, a simbólica, a própria e a mística. Com a simbólica nos ensina a usarmos bem das coisas sensíveis; com a própria a usarmos bem das coisas intelectuais; com a mística a transportarmo-nos aos arrebatamentos superiores do espírito.

São Boaventura

Os símbolos nos fazem ver a realidade tão bem quanto o conhecimento abstrativo, apenas por outra via. Devemos desenvolver ambas as vias e não somente uma.*

* Ver Excerto ao lado.

Sendo de natureza material, os símbolos fornecem à parte material do homem algo que está a seu alcance. E assim constituem a ponte que liga o visível ao invisível.

‘O símbolo, sem a lógica, pode dar mais vida a uma temática do que a lógica sem o símbolo’.[6]

‘A verdadeira formação abstrativa deve partir da idéia de que, quando se vai abstraindo, convém que a sensibilidade fique voltada para compor alguma coisa sensível que seja símbolo daquela abstração’.[7]

‘Os símbolos inferiores servem para compreender melhor os superiores, nos quais melhor se conhecerá a Deus. É claro que Deus é sempre o termo último’.[8] Mas, em muitos casos, não basta ir diretamente a Ele; é preciso compreender a reversão interna dos símbolos para depois chegar até Ele.*

 

4. A busca do significado profundo de todas as coisas

— Como subir a Deus nesta vida? Eis uma grande questão.

Deus criou o universo de acordo com um plano, no qual cada ser tem um significado próprio — poder-se-ia dizer uma mensagem própria — que aponta em direção a Ele.

Assim, tudo no universo tem um sentido profundo. E esse sentido profundo nos remete para o alto. Se se procurar em cada coisa aquela fímbria última que lhe dá seu significado, encontra-se a verdadeira profundidade de cada ser.

É o que o artista faz. Ele toma o significado de certas coisas e o representa na obra de arte, acentuando um pouco os traços, para fazer ver, além do fugidio de seus aspectos, o que de recôndito aquilo tem.

Por exemplo, uma natureza morta, digamos uma cesta de frutas atrás da qual há uma jarra. No quotidiano, trata-se geralmente de algo banal, a que nem prestamos atenção. Mas o verdadeiro artista capta o significado de cada laranja e de cada maçã naquela cesta, e o da jarra, e o coloca em evidência, de uma maneira sugestiva.

Podemos não ter talento artístico para fazer o mesmo, mas isto não nos impede de penetrar mentalmente o significado de todas essas belas imagens que Deus expõe no livro do universo.

Exemplifiquemos com a música. «Um aspecto censurável em certos cantores é o fato de se perderem em exercícios de pura virtuosidade e exibição, e não se preocuparem com o significado251 sério, moral, divino do que fazem».*

* Edgar de Bruyne, L’esthétique du Moyen Âge, Éditions de l’Institut Supérieur de Philosophie, Louvain, 1947, p. 204.

E assim em todas as coisas.

‘Lembro-me do desconcerto que senti nas minhas primeiras aulas de química. O professor — aliás, um ateu, que gostava de se apresentar como tal — dizia: «Uma esmeralda não é senão “xyz”!», e dava a respectiva fórmula química; acrescentando que esse era o conhecimento mais profundo que se podia ter de uma esmeralda.*

* A esmeralda é um silicato de alumínio e de berílio expresso pela fórmula Be3Al2Si6O18.

‘Fiquei pensando; olhei para meus colegas e eles estavam com a fisionomia absolutamente natural, como se se tivesse dito que lá fora estava voando um inseto. Sim, senhor! Um homem diz que uma esmeralda se reduz a isso, que essa é a maior profundidade da esmeralda: e chama a isso de conhecimento profundo!’[9]

Ora, ‘o sentido mais profundo das coisas não se atinge triturando-as, mas analisando-as’. E analisá-las quer dizer: ‘procurar com o olhar algo que não é o aspecto prático. Algo que os homens que adoram o prático e a vida terrena chamarão de coisa inútil — mas que é o sentido da vida e prepara a alma para o Céu’.[10]

 

5. Devemos ver nos seres e nas situações símbolos de princípios eternos

Também se poderia dizer que o significado de uma coisa, quando se faz notório, é a luz da coisa. Essa luz se percebe ou pela via puramente analítica — ou seja, por uma análise racional daquilo que ela é — ou pela via simbólica.

Enquanto a sociedade greco-romana tinha aprendido a enriquecer de significado os poucos objetos à sua disposição, a sociedade industrial preferiu aprimorar a tecnologia para construir sempre mais objetos. Com isto, houve um minguamento no terreno dos significados.

As catedrais medievais, pelo contrário, eram verdadeiras obras primas de simbolismo: tudo nelas tinha um significado 249simbólico. Diz Émile Mâle: «Tudo nesta arte [a medieval] fala por figuras. Ela nos mostra uma coisa e nos convida a ver aí outra».*

* Apud Painton Cowen, Roses Medievales, Seuil, Paris, 1979, p. 81.

Etienne Gilson chega mesmo a dizer: «Para um pensador do tempo, conhecer e explicar uma coisa consiste sempre em mostrar que ela não é aquilo que parece ser, que ela é o símbolo e o sinal de uma realidade mais profunda, que ela anuncia ou significa outra coisa».*

* Apud Marcel Aubert, Le Gothique à son apogée, Ed. Albin Michel, Paris, 1969, pp. 11 e 12.

Uma revista de História disse, a respeito de Winston Churchill: «Seu universo é constituído a partir de unidades simples e mais vastas do que a vida. Os temas são repetitivos como os de um poeta épico ou, por momentos, como os de um taumaturgo que vê, nos seres e nas situações, símbolos fora do tempo e encarnações de princípios eternos e brilhantes».

A observação é muito profunda: ‘É maravilhoso ver «nos seres e nas situações» símbolos dos «princípios eternos e brilhantes»! A sociedade de nossos dias costuma insinuar que pessoas assim são homens sonhadores, inúteis, fora da realidade. Pelo contrário, Churchill era um homem que tinha grande visão, era um homem operativo no mais alto grau.

‘No fundo, como personalidade, quem ganhou a II Guerra Mundial foi ele. Um homem inteiramente prático, operacional, lutador, ativo, mas que levou a vida inteira tendo diante de si, como ideal, «símbolos fora do tempo»’.[11]

 

6. A função simbólica é a mais alta na ordem das finalidades

A razão de ser principal de cada coisa não é a funcional, mas a simbólica. O simbólico é o que há de mais poderoso para a formação das almas: através da simbologia exercitamo-nos na prática do amor de Deus.

‘A autoridade paterna, por exemplo. Sua razão de ser mais alta não é a de alimentar e educar o filho, mas, sim, de representar a Deus junto ao filho: Deus enquanto gerando, enquanto nutrindo, enquanto formando’.[12]

‘Nisto se deve colocar a nota tônica, porque a função simbólica é sempre a mais alta na ordem das finalidades’.[13]

‘O homem necessita do prático para o corpo, mas precisa do belo para a alma. A alma não come pão. A alma não respira oxigênio.

‘Ora, o elemento principal do homem é a alma’.[14]

‘O homem não é apenas, como se costuma dizer, um conjunto de alma e de corpo, como se fossem dois elementos de igual monta, justapostos na constituição de um mesmo indivíduo. Ele é fundamentalmente alma, que tem necessidade do corpo, mas o corpo existe para servir a alma. E a alma do homem postula a verdade, a beleza, porque foi criada à imagem e semelhança de Deus, e Deus é Verdade infinita, e Beleza infinita’.[15]

 

7. A verdadeira obra de arte remete para Deus

‘Diz Dante que as obras de arte são «netas» de Deus, porque a alma humana é filha de Deus e assim aquilo que o espírito humano engendra é «neto» de Deus. O homem, engendrando «netos» de Deus — como são as verdadeiras obras de arte — prepara-se para o momento em que comparecerá diante do eterno Juiz, da eterna Verdade e da eterna Beleza. Então ele voará de entusiasmo em direção a Deus’.[16]

Diz Edgar de Bruyne: «Dans l’esthétique de Hugues de Saint Victor, la beauté symbolique est la beauté fondamentale: toute forme a une valeur esthétique dans la mesure où, directement ou indirectement, elle fait penser à l’Infini, au Parfait, à l’Ideal».*

* Études d’esthétique mediévale, De Tempel, Brugge (Bélgica), 1946, vol. 2, p. 216. Tradução: «Na estética de Hugo de São Victor, a beleza simbólica é a beleza fundamental: toda forma tem valor estético na medida em que, direta ou indiretamente, faz pensar no Infinito, no Perfeito, no Ideal».

Portanto ‘uma coisa é bela, não tanto porque agrada, mas sobretudo porque remete a Deus’.[17]

O belo é símbolo do bem; a verdadeira beleza simboliza o bem; conseqüentemente, ‘a verdadeira arte simboliza a moral’,[18] que é a conformidade das ações humanas com a ordem estabelecida por Deus.

 

8. A abertura para os símbolos torna o convívio humano admirável

Ver muitas coisas simbolicamente amplia os horizontes de modo fantástico, e une as almas entre si de modo fantástico, também. É um tipo de commercium* de alma, de união de alma, e não se tem idéia de como o convívio humano seria bonito e admirável se todos entendessem os símbolos como convém.

* Em latim, commercium (como as palavras equivalentes nas línguas neolatinas) tem também o sentido de relacionamento entre os seres. Por exemplo, o commercium entre os anjos.

A luz ilumina a quem a ama, num sentido diferente do de dizer, por exemplo, que ela incide sobre minha mão e a ilumina. Minha alma, amando a luz, adquire algo de luminoso; há uma assimilação, por onde alguns predicados da luz passam a habitar em mim, e eu, de algum modo, participo da luz.

— Qual é esse modo? — O sujeito e o objeto se tornam harmônicos. A alma se torna harmônica com a luz.

— Qual a natureza dessa harmonia? — Evidentemente é toda ela acidental; mas acontece que nada toca no acidente que não interesse à substância.

 

9. É preciso apreender todo o lado abstrativo e simbólico da realidade

Um exemplo do enriquecimento mútuo entre o princípio e o símbolo é a Liturgia católica. Nela, ‘as verdades da fé são expressas na enorme variedade de gestos e objetos de seu culto externo. Este é cheio de símbolos, precisamente para auxiliar o homem na oração, dando vida, por meio de imagens concretas, a uma porção de conceitos abstratos — as verdades da fé — que o fiel põe em movimento quando reza’.[19]

Assim como a Igreja não elaborou sua piedade para puros espíritos, mas para homens, é preciso haver na sociedade toda uma cultura voltada para a metafísica, não para uma metafísica seca e cartesiana, mas para uma metafísica viva, empapada de símbolos.

Pois ‘o que inteligência procura é ter um conhecimento das coisas, ao mesmo tempo abstrativo e simbólico. E ela só tem a idéia completa de uma determinada realidade material ou espiritual quando toma conhecimento de tudo quanto tal realidade pode apresentar de abstrativo e de simbólico’.[20]

Um exemplo em outra ordem. Eu posso ter uma noção teórica do que é a polidez. Se vejo uma pessoa ter uma atitude muito polida com outra, direi que o ato foi de polidez. Mas, de outro lado, digo: «Polidez é isto».

‘Tendo visto a polidez em ação — enquanto praticada por alguém — ela adquire aos meus olhos uma riqueza de conhecimento que ela não tinha no puro conceito abstrato’.[21]

 

10. Sensibilidade para os símbolos, condição de progresso espiritual

‘Todo homem, assim como tem vista, ouvidos e os demais sentidos, numa ordem mais elevada tem sensibilidade para os símbolos.

‘Esta sensibilidade pode ser cultivada ou esmagada. A cultura de hoje esmaga a sensibilidade para os símbolos. Mesmo porque substitui os símbolos verdadeiros por símbolos que não são absolutamente nada.

‘Nas pessoas em que a propensão para considerar os verdadeiros símbolos não se extinguiu, há momentos em que discernem o símbolo em toda a sua beleza e em toda sua expressão. E há momentos em que o símbolo está pardacento, porque as condições que o cercam o fazem ver pardacento.

‘Por isso, há uma linha de progresso na vida espiritual que consiste na crescente sensibilidade aos símbolos. E assim sucede que, de vez em quando — seja na ordem sobrenatural, como na ordem natural — o símbolo nos fala tanto, que permanece para a vida inteira; e nunca mais se apaga inteiramente!’.[22]

 

Fontes de referência:

[1] 6-5-1967. [2] 9-4-1983. [3] Sem data. [4] 28-11-1993. [5] Sem data. [6] 20-10-1974. [7] 7-8-1977. [8] 6-5-1967. [9] 8-9-1976. [10] 8-9-1976. [11] 28-4-1978. [12] Sem data. [13] Sem data. [14] 10-2-1974. [15] 10-2-1974. [16] 10-2-1974. [17] Sem data. [18] Sem data. [19] Sem data. [20] Sem data. [21] Sem data. [22] 31-3-1978.