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Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

 

A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo

no pensamento de

PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

 

 

© 2008 - Todos os direitos desta edição pertencem ao

INSTITUTO PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

Dezembro de 2008

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Textos ilustrativos

 

 

Parte II — Capítulo 10

 

Uma visão sublimada e transcendente da realidade: a trans-esfera

 

1. No mundo medieval, a força do poder público residia mais na legenda do que na polícia

Plinio Corrêa de Oliveira: A maior fortaleza do poder público no mundo medieval não era a polícia, como dizem certos escritores, não era também a força das armas; era o poder da legenda.

Ou seja, a tendência constante para o sublime, levando os homens a ver as coisas através de seus modelos celestes, de seus arquétipos, e criando, a respeito de cada coisa que existe, uma verdadeira legenda, que ia desde o Doge em Veneza, desde o Podestà numa cidade italiana, até o rei ou imperador no Sacro Império Romano Alemão; até a aldeia de marzipã, com seu prefeitinho eletivo, com a procissão na noite de Natal. Tudo absolutamente imerso numa legenda.

* Aldeia de marzipã: expressão freqüentemente empregada pelo autor para designar a aldeia medieval ingênua, com habitantes cujas figuras simples e coloridas se assemelham às que se colocam em certos bolos feitos de marzipã.

Havia uma coesão dessas legendas, umas com as outras, formando um universo. Ninguém se sentia diminuído em ter a categoria que tinha, por modesta que fosse, porque sabia que ele era um só com a legenda do rei. O que fazia com que todo o problema das diferenças de classe e desigualdades sociais se resolvessem magnificamente.*

* Conversa em janeiro de 1978, sem dia especificado.

 

2. Um exemplo: o brasão ideal que não existe, do qual entretanto participam todos os que existem

Plinio Corrêa de Oliveira: Imaginemos que, numa república aristocrática — portanto sem rei —, se peça a um artista que desenhe um brasão para vários nobres dessa república. E ele faz o seguinte raciocínio: vou imaginar como seria o brasão dessa república se ela tivesse um rei, vou desenhá-lo e, em função disso, vou fazer os brasões da nobreza.

Terminada a execução, o único brasão que não existe é o do rei, mas existiu na concepção do artista, e existe ordenando os brasões existentes em concreto. Não há um rei, e aquele brasão não existe na heráldica do país. Mas quem desejar conhecer bem todos aqueles brasões deve conhecer aquele brasão ideal, não criado, mas que existe apenas no desenho feito pelo artista. Um verdadeiro livro de heráldica deveria trazer esse brasão explicando: «Tudo que existe é uma participação nisso que não existe».

* Reunião sem data especificada.