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Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

 

A Inocência Primeva e a Contemplação Sacral do Universo

no pensamento de

PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

 

 

© 2008 - Todos os direitos desta edição pertencem ao

INSTITUTO PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA

Dezembro de 2008

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Textos ilustrativos

 

Parte II — Capítulo 2

 

A admiração, ponto de partida — e de chegada — da contemplação sacral

 

1. As admirações de Deus

Plinio Corrêa de Oliveira: «Olhai os lírios do campo; eles não trabalham nem fiam. E digo-vos todavia que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu jamais como um deles» (Mt 6, 28). Eu percebi de repente, nessa frase, que Nosso Senhor, quando falava do lírio, admirava o lírio.

Eu O via, ao pé da letra, admirar e cantar a glória do menor do que Ele, quando diz: «olhai os lírios do campo; eles não tecem nem fiam».

À admiração segue a glorificação: «nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles»!

Notem a infinitude d’Ele que se debruça. Como seria belo vê-Lo dizer «olhai os lírios do campo» e, tomando uma pétala, acariciá-la com os dedos.

Uma cena extraordinária! E uma lição para nós! Quase não há palavras para qualificar essa lição. O vocabulário se esgota e não sabemos o que dizer.

Que coisas imensas podem nascer da análise admirativa de uma coisa pequena!

Completa-se o ciclo de Nosso Senhor admirando o Padre Eterno; de Nosso Senhor admirando Nossa Senhora; de Nosso Senhor admirando os outros homens enquanto iguais a Ele na natureza humana. Depois, debruçando-se sobre os pequenos e olhando as crianças.

E então se compreende aquele «deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o Reino do Céu» (Mt 19, 14). Além da proteção, do respeito, da dedicação, havia admiração!

«Que almas limpas! Que almas puras! Eu, Deus, autor de toda pureza e foco de toda pureza, Me contemplo na vista deste menino. E vejo neste menino um reflexo criado de Mim mesmo».

Ele não se contenta em admirar só o que é alto. Mas sabe voltar-se também para o mais baixo, com respeito e com ternura. Sem igualitarismo, mas com algo que vale incomparavelmente mais do que o igualitarismo: saber ver uma figura de Deus nas menores coisas e dar glória a Deus porque Deus quis manifestar-se nelas.

Nosso Senhor andando sobre as águas admirava a água; admirava o ar, e sentia-se refletido na água e no ar. E poderia dizer: que magnificência! Imita a minha magnificência. Como é bela esta água, como é belo este ar, que Eu criei!

Assim se pode compreender como se perfaz o ciclo da admiração.*

* Conversa em 27 de setembro de 1980.

 

2. O que admiramos penetra em de nós

Plinio Corrêa de Oliveira: Tudo aquilo que admiramos nos entra dentro da alma. Aquilo que admiramos penetra em nós. Penetra mais ou menos fundamente, mas penetra. É impossível não penetrar em nós algo que admiramos.

Portanto, o que temos que fazer é, diante de algo mau, conhecer o oposto, o Bem, e admirar esse Bem. Com a admiração, o Bem entra em nós.

Nada nos faz sofrer tanto quanto jazermos de modo inglório no desprezo de nós mesmos, por causa da nossa mancomunação com nossos defeitos. A política com nossos defeitos consiste em olhá-los, inteiros, até o fim. Não ficar no meio termo.

Se não considerarmos o extremo a que eles podem nos levar, nunca nos corrigiremos.*

* Reunião de 15 de janeiro de 1969.

 

3. É só depois de admirar a virtude como se deve que ficamos em condições de compreender a malícia do pecado

Plinio Corrêa de Oliveira: É só depois que se admirou a virtude como se deve, que ficamos em condições de compreender a malícia que existe no pecado; e é só depois de admirar a virtude e tratar de praticá-la, que se é capaz de compreender a reparação que o pecado merece, sua gravidade, e a necessidade de repará-lo diante da justiça de Deus.

Por isso é comovente ver, por exemplo nas sepulturas medievais, aqueles gisantes. Às vezes esposo e esposa deitados lado a lado sobre aqueles leitos de pedra, com uma almofada de pedra. Se eram nobres, com a coroa na cabeça e com as mãos postas.

Tem-se uma sensação de castidade conjugal, que nos empolga.*

* Reunião de 16 de agosto de 1968.

 

4. A alma aberta à admiração volta-se para as estrelas; a alma invejosa quer apedrejá-las

Plinio Corrêa de Oliveira: A alma aberta à admiração é aberta a todas as estrelas e a todos os sóis. A alma fechada à admiração está entregue a si mesma.

Da alma invejosa não sei o que dizer: ela apedreja as estrelas e as insulta.*

* Reunião de 6 de dezembro de 1985.

 

5. De tanto admirar, a alma reta quer sacrificar-se por amor de Deus

Plinio Corrêa de Oliveira: Há na alma humana, quando procura viver na graça de Deus, uma forma de retidão perante Deus, Nossa Senhora e a Igreja, pela qual a pessoa, de tanto admirar, quer sacrificar-se.

O desejo do sacrifício não é algo que Deus impõe, e que se considera uma aberração dentro da vida. Assim, seria um absurdo ter que passar pelo sacrifício, e o normal seria não sacrificar-se.

As almas que pensam assim estão num estado incompatível com o amor. O verdadeiro amor pede o sacrifício. E haveria uma frustração e um vazio na vida se não houvesse sacrifícios.*

* Reunião em 18 de abril de 1981.