Plinio Corrêa de Oliveira

À procura de almas com alma

Excertos do pensamento de

 

Plinio Corrêa de Oliveira

 

recolhidos por Leo Daniele

 

Edições Brasil de Amanhã

São Paulo, 1998


Para outras partes desta obra veja abaixo:

 Analisando as almas

Cap. VI - Sede de almas.

Cap. VII, secção I - Despertando para a vida, conhecendo-se a si mesmo

Cap. VII, 2 - As relações humanas.

Cap. VII, 3 - A sociedade: o carrilhão das almas - Epílogo: Olhares.

 


 

Capítulo V: Nos palácios

 

 

Luís II da Baviera, seus castelos e sua tragédia

Luis II da Baviera em uniforme de general  com a capa de coroação. Pintura de Ferdinand von Piloty, Munich, 1865  Luís II (1) era um homem feito para viver uma fábula, dentro da fábula.

E de fato os Wittelsbach (2) deveriam produzir em série homens de fábula, que não vivessem governando apenas a Baviera, mas se associando aos grandes movimentos do mundo e introduzindo a atmosfera de fábula por toda parte. Mais até do que os Áustrias (3) e do que os Bourbons.

O pobre Luís II tinha essa qualidade. Porque o que ele procurou fazer brilhar nos castelos dele foi sempre o fabuloso.

O castelo de Neuschwanstein mostra um dos aspectos bonitos da alma do rei. Pode-se ver aí o que ele poderia ter sido, se não se tivesse transviado.

Ele era apaixonado pelas coisas medievais e mandou construir um castelo medieval. Mas na Idade Média não se construíam castelos assim. Ele imaginou um prédio não precisamente medieval, mas com todo o espírito medieval. Há ali alguma coisa que transcende o gótico.

De tal maneira Luís II tinha um apelo para a fábula, que até o trenó (4) que ele mandou fazer para andar à noite na neve é o de um herói de fábula, viajando num trenó de fábula na paisagem fabulosa, gelada mais do que nevada, dos montes da Baviera durante o inverno.

O próprio físico dele era o de um homem fabuloso, que eu oporia por completo a Eduardo VII (5), contemporâneo, mas inteiramente diferente dele: obeso, bem vestido, Castelo de Neuschwansteinbem cuidado, sem mito.

É até curioso dizer: ele era nobre e muito nobre, mas quase acidentalmente, porque os Wittelsbach eram senhores de uma capacidade ilimitada que mais cria a nobreza do que a conserva. Havia neles uma espécie de geração contínua de nobreza.

Ele entrou para a História como rei ao mesmo tempo fabuloso e crapuloso, herói e lamacento. Foi a figura ambígua que marcou essa época da História da Baviera.

Se Luís II tivesse sido o grande homem a que era chamado, o que teria sido da Alemanha? Ele representava o mais poderoso dos Estados católicos daquele país, e poderia ter reagido contra os Hohenzollern (6) e contra a fundação do Império alemão. Poderia ter salvo a hegemonia da Áustria.

Mas ele se fez amigo de Bismarck (7), o homem que meteu a canga em todos os reis da Alemanha e estabeleceu o domínio do império protestante dos Hohenzollern.

Este óleo, de R. Wenig, representa Luís II viajando de trenó, entre os castelos de Neuschwanstein e Linderhof. O trenó conseva-se no museu de Marstall em Lindenhof.Um lago muito azul...

Demente, foi internado no Castelo de Berg, às margens de um lindo lago alemão, do qual me lembrarei enquanto estiver vivo, e que é Starnberg. De um azul maravilhoso. A água mais linda que vi na vida. Cercado das árvores mais bonitas que se possa imaginar.

Cruz de Luis II - Lago de StarnbergEu me hospedara nesse castelo, e me levantei às sete horas da manhã. A família que me havia convidado estava dormindo ainda, e fui passear no bosque vizinho.

Eram uns pinheiros altos. Por eles penetrava uma claridade matutina que encontrava uma neblina lindíssima, e o sol penetrava de tal maneira que fazia sombras, que pareciam as colunas de uma catedral.

Naquele lago havia uma cruz. No lugar daquela cruz, o rei, construtor desse castelo, tinha morrido misteriosamente. Sua morte nunca foi completamente elucidada.

Grande sonho, expressão de uma grande vocação. Grande frustração, do homem que não realizou aquilo que devia.

Mas que legou à Humanidade uma figura do que poderia ter realizado antes de naufragar na loucura e sumir nas águas do lago Starnberg.

Esse personagem romântico despertava uma popularidade enorme. Fizeram suas exéquias solenes em Munique, capital da Baviera, e afluiu uma multidão prodigiosa.

 

Sissi, uma imperatriz de fábula

Imperatriz SissiA Sissi (8) é um caso semelhante. Se ela tivesse sido o que deveria ser, ninguém sabe o que ela poderia ter feito....

Em primeiro lugar, ela teria feito do marido dela (9), o imperador perfeito, sensível à voz de Dom Bosco (10). Porque se ela tivesse sido sensível à voz de Dom Bosco, o marido teria sido o imperador perfeito... Ora, só isto teria reformado o mundo (11).

Ela poderia ter sido uma fábula para o marido. Mas quis ser uma pessoa qualquer.

Ela não era um modelo de saúde mental. Todo o "atteggiamento" (12) dela não era razoável.

Ela viveu uma dessas situações que ficam entre o sublime e a loucura, e onde ainda a loucura é a única catástrofe digna do sublime.

Deram-me para ler um trecho de Burke (13), a respeito de como deixaram matar Maria Antonieta.

Ele diz que a Europa da cavalaria e das Cruzadas tinha acabado, os homens de brio tinham morrido; está selado que a Europa está caminhando para uma decadência que ninguém mais deterá.

De fato, a fábula tinha desertado da Europa. Hoje, em qualquer das nações daquele continente aonde se vá, nota-se que a fábula está longe.

 

O que vem a ser a "fábula"

Sissi por Winterhalter, Franz Xaver (1805-1873)Não utilizo a palavra "fábula" no sentido próprio, mas em um sentido aparentado ao adjetivo "fabuloso". Geralmente se chama de "fabulosas" coisas elevadas e transcendentais.

Mas o que é propriamente a "fábula"?

É o conjunto de realidades metafísicas (14) e sobrenaturais especialmente cintilantes, que fazem adivinhar a existência de uma ordem de coisas sublime.

A Casa da Baviera não é chamada a dominar a Europa, senão no sentido de ser para a "fábula" o que a França foi para a elegância.

O que a Áustria foi para a majestade, a Baviera foi chamada a ser, nos seus mais altos aspectos, para a "fábula".

Ela é a terra as aldeias encantadoras, dos camponeses de folclore, das vaquinhas, dos lagos.

Essa ordem de coisas prosaica só se torna linda quando é fundo de quadro ou cenário para os fabulosos passarem.

 

Coroação de Alexandre II

 

 

 

 

 

 

A "fábula" no Oriente

É impossível falar em "fábula" sem pelo menos mencionar o Oriente grandioso e magnífico. Por isso, reproduzimos aqui ao lado a cena absolutamente mítica da coroação de Alexandre II na Catedral Ouspenski (Moscou, 1856) que fala por si e dispensa comentários.

 

 

 

 

Elisabeth, princesinha, futura rainha

A Princesa Elisabeth, herdeira do Trono da Inglaterra (...), foi indiscutivelmente uma das figuras femininas de maior projeção na vida política internacional neste ano (15).

Princesa Elizabeth - 1951Muito de nosso tempo, sob todos os pontos de vista, a Princesa Elisabeth representa de modo frisante a dama do século XX, formada sob o influxo das tradições ainda vivas em nossa época, especialmente na Inglaterra.

O povo inglês vê nela o símbolo de sua glória, a expressão da finura, da graça, da simples e nobre superioridade da "gentry" de sua terra, a representação visível e sensível do que a nação pode produzir de mais idealmente "racé" (16).

Sua superioridade muito autêntica se ilumina com os encantos de uma afabilidade atraente e comunicativa.

Sua popularidade é imensa, ou a bem dizer unânime: na Inglaterra, há oposição contra o Ministério, não porém contra a monarquia, e menos ainda contra a risonha e encantadora herdeira do Trono.

 

Maria Clotilde, o mito que deu certo

 

Serva de Deus Maria Clotilde Savóia Napoleão

 

 

A Serva de Deus Maria Clotilde Savóia Napoleão (17), insigne não só pelo nascimento e por sua alta distinção pessoal, como também por sua virtude, será talvez elevada às honras dos altares, pois já se processa a causa de sua beatificação.

Pela nobreza de seu porte representa ela o tipo característico da dama cristã no século passado, toda feita para a vida de sacrifício, principalmente no lar, para as grandes dedicações da mãe e da esposa, segundo o espírito da Igreja.

Apesar de muito feminina, espelha em seu todo uma firmeza notável, que não exclui aliás uma grande bondade. Em suma, pode ser tida como expressão autêntica do verdadeiro ideal feminino.

 

 

Lady Diana, cintilações, desapontamento

Casamento do Príncipe Charles de Lady DianaUma onda universal de entusiasmo foi despertada pelo vetusto e rutilante cerimonial do casamento de Charles e Diana (18), o Príncipe e a Princesa de Gales.

[Muito] ganhou em estabilidade, naquele ensejo, o perfil psicológico e moral já clássico, que segundo velhas aspirações da Inglaterra, devem ter o príncipe herdeiro e a sua esposa.

Na mesma cerimônia fizeram-se ver também as atualizações acidentais que aquele país quer introduzir nesse perfil moral, e ipso facto na fisionomia geral da nação (19).

No meu tempo havia moças que eram apreciadas pela sua beleza e pela sua conversa agradável.

Lady Diana abraça criança doenteNesse tempo, dava-se mais importância à proporção do corpo, mas a beleza era sobretudo a do rosto.

Pois bem, esse tipo de beleza foi sendo substituído pela beleza sensual. Começou-se a dar mais importância ao ar sensual da moça do que à sua beleza.

Depois disso, ainda degenerou mais, chegando ao sex-appeal, que é o puro apelo sexual, sem que se dê importância alguma à beleza propriamente dita.

Vejo tudo quanto a Princesa Diana tem de objetável, mas nela havia uma coisa que explica, aliás, a popularidade dela em boa parte: uma flexibilidade de sentimentos e uma comunicatividade de sentimentos, feitas de carinho.

 

 

Prodigiosas recompensas e prodigiosos castigos

Alguém dirá (a respeito de alguns dos tópicos anteriores): "mas não percebe que são sonhos de loucos, e que você aqui se abraça ao sonho de um louco?"

Acho que ninguém entra no mundo das fábulas – sempre no sentido em que eu estou tomando a palavra – ninguém diz sim a esse mundo e ninguém transpõe esse limiar sem prodigiosas recompensas e prodigiosos castigos.

Por exemplo, quem transpôs esse limiar, se quiser sair desse limiar para entrar na linha da honestidade burguesa comum, fica sórdido. E o que para outros seria limpeza, para ele passa a ser imundície. O que para outro é o padrão comum, para ele é microlice (20).

É fácil compreender que as almas que se voltem muito para isso com toda alma, sendo infiéis, mais facilmente enlouqueçam (21).


NOTAS

1. Luís II (Otto-Frederico-Guilherme) nasceu em 1845 e faleceu afogado no lago de Starnberg em 1886. Subindo ao trono em 1864, em carta de 7-12-1870 propôs que o rei da Prússia Guilherme I fosse proclamado imperador da Alemanha, o que sucedeu. Em certa altura de seu reinado, afastou-se do poder para abandonar-se às sugestões da solidão, ao gosto das grandes construções (castelos de Linderhof, Hohenschwangau, Berg, Herrenchiemsee, Neuschwanstein), à obsessão pela lembrança de Luís XIV, à admiração das obras de Wagner, de quem foi mecenas e amigo. Afetado pela loucura, foi transportado para o castelo de Berg. Foi encontrado morto no lago de Starnberg no dia seguinte ao de sua chegada.

— Quanto ao sentido dado à palavra fábula, ver mais adiante o esclarecimento dado pelo próprio autor.

2. Wittelsbach: família dos reis da Baviera.

3. Áustrias: membros da família Habsburg.

4. Ver ilustração.

5. Eduardo VII (1841-1910), filho e sucessor da Rainha Vitória, da Inglaterra. Enquanto príncipe de Gales, levou intensa vida social e era tido como árbitro da elegância masculina.

6. Hohenzollern: família dos reis da Prússia.

7. Otto, príncipe de Bismarck (1815-1898), homem de estado prussiano que, depois de haver expulsado a Áustria da Confederação Germânica, fundou a unidade alemã, conferindo à Prússia a hegemonia que cabia anteriormente à Àustria.

8. Elisabeth Amélia-Eugênia, cognominada Sissi, nasceu em 1837 e morreu assassinada em 1898. Casou-se com o imperador da Áustria Francisco José, a quem deu quatro filhos. Por sua graça, sua beleza, seu espírito, fez da Corte de Viena, nos primeiros anos de seu reinado, uma das mais brilhantes da Europa. Mais tarde, sob o efeito de desgostos íntimos e lutos familiares, afastou-se de todas as cerimônias oficiais, e terminou por passar a maior parte de sua vida em viagens. A morte de seu cunhado, o Imperador Maximiliano do México, a loucura de sua cunhada Charlotte, o assassinato de seu filho Rodolpho fizeram-na mergulhar em uma profunda tristeza. Uma última prova lhe estava reservada: a terrível morte de sua irmã, a Duquesa de Alençon, queimada viva no incêndio do Bazar de Charité, em Paris (4 de maio de 1897). Em 10 de setembro de 1898, Sissi foi apunhalada por um anarquista, em Genebra.

9. Francisco-José I, imperador da Áustria (1830-1916), teve de presidir, durante seu reinado — que foi dos mais longos da História — às imensas transformações pelas quais passou seu país, com a perda das possessões italianas e a derrota de Sadowa face à Prússia. Como homem, foi cruelmente golpeado em suas afeições pela morte trágica de seu filho Rodolpho (1889) e o assassinato de sua esposa Elisabeth (1898). No fim de sua vida, em 1914, estourou a Primeira Guerra Mundial, em seguida ao assassinato, em Serajevo, do arquiduque-herdeiro Francisco Ferdinando, por um agitador sérvio. Extinguiu-se com 86 anos, em 21 de novembro de 1916.

10. São João Bosco enviou ao imperador Francisco José uma carta, datada de 24 de maio de 1873, com o seguinte teor: "Isto diz o Senhor ao Imperador da Áustria: "Cobra ânimo: zela por meus servos fiéis e por ti mesmo. Minha ira está para estalar sobre todas as nações da Terra, porque se quer fazer olvidar minha lei e levar em triunfo os que a profanam, oprimir os que a observam. Queres tu ser a vara de meu poder? Queres cumprir minhas vontades arcanas e tornar-te benfeitor da humanidade? Apóia-te nas nações do Norte, mas não na Prússia. Estreita relações com a Rússia, mas não faças nenhuma aliança com ela. Associa-te à França católica. Atrás da França virá a Espanha. Formai um só espírito, uma só ação. Sumo segredo com os inimigos de meu santo nome. Com prudência e com energia vos tornareis invencíveis. Não creias nas mentiras dos que te dizem o contrário. Não pactues com os inimigos do Crucificado. Espera e confia em mim, que sou Quem dá as vitórias aos exércitos, o salvador dos povos e dos soberanos. Amém. Amém" (Biografia y escritos de San Juan Bosco, B.A.C., Madrid, 1967, p. 899).

11. Guilherme II, imperador da Alemanha, traçou da imperatriz Elisabeth (Sissi) uma descrição digna de nota: "Eu olhava, como que fascinado, para este belo rosto enquadrado por cabelos negros. Eu estava tão impressionado que foi preciso que minha mãe me advertisse para lembrar-me de que deveria oscular a mão desta grande dama. Ela sorria, cheia de bondade. Eu estava pasmo por esta aparição. A imperatriz não se sentava mas se colocava majestosamente; ela não se levantava mas se elevava; ela não andava mas avançava com dignidade". Também merece ser conhecido o retrato que dela fez a princesa Louise da Bélgica: "Jamais tornei a ver sorriso semelhante ao seu. Ele encantava e perturbava, tanto era doce e profundo. Ela era bela de uma beleza do Além, com qualquer coisa de imaterial na pureza dos traços e das linhas do corpo. Ninguém caminhava como ela. Não se percebia o movimento das pernas. Ela avançava deslizando; ela parecia planar à flor do solo com uma graça infinita. A imperatriz Elisabeth tinha verdadeiramente esta inimitável graça, e seus grandes olhos castanhos de tal forma apaziguavam e falavam uma linguagem nobre, que pareciam exprimir as virtudes teologais:a Fé, a Esperança e a Caridade".

12. Atteggiamento: do italiano. Aqui significa postura, procedimento.

13. Trata-se do célebre Edmund Burke (1729-1797), que escreveu: "Fazem já dezasseis ou dezassete anos que vi a Rainha de França, em Versailles, quando era ainda Delfina; sem dúvida, nunca tinha descido a este mundo — que ela mal parecia tocar — uma visão mais deleitável. Vi-a precisamente despontar no horizonte, adornando e animando a elevada esfera na qual começava a mover-se, cintilando como a estrela matutina, cheia de vida, esplendor e alegria. Oh! que revolução! E que coração precisaria ter eu para contemplar sem emoção tal ascensão e tal queda! Não podia sequer sonhar — quando ela inspirava não só a veneração mas também um amor entusiástico, distante e cheio de respeito — que alguma vez ela se veria obrigada a levar, escondido no seu seio, o pungente antídoto contra o opróbrio. Não podia imaginar que viveria para ver semelhantes desgraças abaterem-se sobre ela numa nação de homens galhardos, numa nação de homens honrados e de cavaleiros. Supus que dez mil espadas teriam saltado para fora das suas bainhas para vingar tão somente um olhar que a ameaçasse de um insulto. Porém a era da Cavalaria passou. Sucedeu-a a dos sofistas, economistas e calculistas; e a glória da Europa está extinta para sempre. Nunca, nunca mais contemplaremos aquela generosa lealdade para com a categoria e o sexo frágil, aquela ufana submissão, aquela obediência dignificada, aquela subordinação do coração, que mantinha vivo, até na própria servidão, o espírito de uma liberdade enaltecida. A inapreciável graça da vida, a pronta defesa das nações, o cultivo de sentimentos varonis e de empreendimentos heróicos, desapareceram. Desapareceu aquela sensibilidade de princípios, aquela castidade da honra, que sentia uma mácula como uma ferida, que inspirava a coragem ao mesmo tempo que mitigava a ferocidade, que nobilitava tudo aquilo que tocava, e sob a qual o próprio vício, perdendo tudo o que tem de grosseiro, perdia a metade da sua maldade" (Reflections on the Revolution in France, in Two Classics of the French Revolution, Anchor Books — Doubleday, Nova Iorque, 1989, p. 89)

14. A palavra metafísico, aqui tomada em seu sentido etimológico, significa: qualidade do que vai além do físico.

15. Escrito em 1951.

16. Racé: do francês. Que tem raça, que descende de ancestrais ilustres e o demonstra por sua maneira de ser.

17. Maria Clotilde Adelaide de Bourbon (1759-1802), neta de Luis XV e irmã de Luis XVI, foi rainha da Sardenha. Morta em odor de santidade, o Papa Pio VII a declarou Venerável em 1808, ou seja, apenas quatro anos após seu passamento. Por injunções políticas sua causa de beatificação só foi retomada em 1972. Dez anos depois, a Santa Sé promulgou o decreto reconhecendo a heroicidade de suas virtudes.

18. Lady Diana Spencer (1961-1997), casada com o Príncipe de Gales, e depois dele divorciada. A essa vida, que terminou numa horrível tragédia, talvez se apliquem os comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira às catástrofes que marcaram as existências de Luis II e da imperatriz Elisabeth.

19. Escrito em 1993.

20. Microlice: esse termo, bastante usado no jargão interno da TFP, exprime uma espécie de megalomania ao revés. A pessoa afetada por este mal só se preocupa com pequenas coisas, enquanto o paranóico é maníaco de grandeza. A "microlice" e a megalomania tem muito em comum: ambas constituem formas de só pensar em si. Ambas conduzem a violação do Primeiro Mandamento, amar a Deus sobre todas as coisas.

21. A matéria deste "Panorama" foi quase toda extraída de anotação de conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 8-4-1979. "Elisabeth, princesinha...", e "Maria Clotilde...", o foram de "Catolicismo", Nºs 13 e 21, respectivamente. O tópico sobre Lady Diana o foi do cap. VII de "Nobreza e elites tradicionais análogas", sendo todos os pensamentos, deste capítulo como de todo este livro, de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.